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Quais são as soluções tecnológicas que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas no estado do Ceará? A resposta foi encontrada pela investidora In3citi, que em parceria com a Pipe.Social, selecionou as melhores iniciativas de impacto socioambiental no Ceará na Chamada Territórios de Futuro.

Por meio da plataforma da Pipe.Social, a chamada buscou soluções em Mobilidade Urbana, Gestão de Resíduos, Gestão da Água, Energia Inteligente e Alimentação. No total, a chamada mobilizou 66 negócios em todo o Brasil e, depois das etapas de scoring dos projetos (conforme critérios determinados pelo edital) e de entrevistas da equipe Pipe com os negócios, foram 11 finalistas a participar de speed dating com a banca de jurados formada por investidores e atores do ecossistema de impacto. Confira aqui as startups escolhidas para o pitch:

  • Awa – AnnuitWalk Accessibilities
  • Biblioteca Acessível
  • Favelar
  • HGeo
  • Milênio Bus
  • Nina
  • Odin
  • Proterra – Sistema de Retenção de òleo
  • Recicletool
  • Selletiva
  • Sunne Energias Renováveis

Do encontro com os investidores, três delas saíram como as grandes vencedoras que receberam um prêmio simbólico em dinheiro e terão a possibilidade de receber investimento para escalar seu negócio no Ceará, além de mentorias e acesso à rede nacional de parceiros da In3citi, espaços de escritórios, laboratórios, instalações industriais e máquinas para o desenvolvimento de protótipos e produtos.  

“A chamada nacional Território de Futuros, primeira de várias com a parceria consolidada com a Pipe Social, superou todas expectativas desenhadas para a iniciativa. Pensar no futuro das cidades requer um propósito de melhorar a vida das pessoas e do seu território, foi exatamente isso que encontramos nos projetos apresentados pelos empreendedores sociais! Abriram-se várias cortinas e possibilidades de investimentos de impacto imediato no Ceará. Agora é arregaçar as mangas, negociar investimentos com as startups selecionadas, projetar jornadas específicas para negócio e, principalmente, contribuir para virar o jogo da desigualdade social e da ausência de acessibilidade. É esse o compromisso da In3citi!”, revela o sócio fundador da investidora social, Haroldo Rodrigues.

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Democratização da habitação é possível?

Liderada pelos empreendedores Fábio Moraes, Ana Clara Meirelles, Mabi Elu e Daniel Silvério, a Favelar foi anunciada como  uma das ganhadoras. Os jovens geram impacto social nas comunidades carentes por meio  de reformas habitacionais, fornecendo assessoria técnica e mão de obra especializada. O modelo de negócio provou ser sustentável e hoje mais de mil pessoas foram impactadas entre projetos comerciais e residenciais. Presente em sete comunidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a meta é levar o negócio para o Ceará, além de outros estados do Brasil e até fora do país. Fábio Moraes foi conhecer de perto a realidade de Moçambique e ratificou a viabilidade e sinergia para replicar a metodologia também no continente africano.

A Favelar democratiza os serviços de arquitetura e engenharia nas favelas com uma solução que reduz em 40% o valor total da obra para os moradores, por meio de um planejamento estruturado para reforma ou construção do imóvel, otimizando recursos e materiais que serão usados na obra. Além das parcerias locais com os próprios moradores que são fornecedores das obras.

O markteplace social que conecta quem quer reformar a quem é capacitado para o serviço, surgiu em 2015, inspirado em um problema familiar do Fábio, cuja mãe teve prejuízos ao conduzir uma obra na residência que moravam. “Por falta de acesso as pessoas acabam fazendo por conta própria ou caem na informalidade. Fazemos um trabalho de educação dos moradores e pedreiros, o Bate-Papo Construtivo, mapeando todas as etapas para evitar o desperdício e levar informação e cuidado para essas pessoas. Estamos na Cidade de Deus, por exemplo, porque tem uma pessoa que há 10 anos deseja terminar a obra porque o pedreiro não consegue calcular os materiais e planejar”, exemplifica.

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Inteligência na Mobilidade Urbana

A startup Milênio Bus também levou o prêmio na Chamada com a plataforma que gera inteligência para o transporte público. Com uma solução simples e muito inovadora, a empresa consegue calcular em tempo real o fluxo de passageiros nos ônibus que circulam na cidade promovendo maior controle da mobilidade urbana.

 “Colocamos sensores e câmeras biométricas nas portas dos veículos para contagem dos passageiros. O cálculo da entrada já era feito por algumas operadoras, mas o desafio é a contagem da saída. Conseguimos com isso avisar ao usuário, previamente, se o veículo está lotado para que ele tome a melhor decisão sobre seu deslocamento. Além disso, é possível monitorar a frota e a dinâmica dos veículos, identificando possíveis casos de roubo, assédio sexual e comércio ilegal”, explica Renato Rodrigues, um dos fundadores da Milênio Bus.

O aplicativo integra ainda outras funcionalidades como: pagamento digital e denúncias de problemas que ocorram com a linha. As informações obtidas são encaminhadas para as empresas de transporte público para que possam dimensionar e equilibrar a frota, oferecendo mais conforto aos passageiros.

Outro ponto positivo é que o sistema desenvolvido pela Milênio Bus que integra hardware, app mobile e plataforma, também ajuda as empresas de ônibus a reduzir o número de fuga no pagamento. A startup faz uso da Internet das Coisas (ou IOT), da tecnologia Perception Activity Understand e Inteligência Artificial. Além de Renato Rodrigues, a equipe da Milênio Bus é composta por Marcel Orgando e Fabien Oliveira responsáveis, respectivamente, pelo software e hardware. “O mais interessante da solução do Milênio Bus, observada por todos os investidores, é o potencial da solução de estar presente em qualquer espaço da cidade em que se tenha um desafio de grande circulação de pessoas, para além do transporte público”, ressalta Mariana Fonseca, cofundadora da Pipe.Social.

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Assédio não é passageiro

O que você faria se sofresse ou presenciasse um caso de assédio no transporte público? Será que denunciaria? Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas 10% dos casos de assédio são registrados na delegacia. Por medo ou vergonha, muitas mulheres e vítimas da violência acabam por desistir de notificar os órgãos competentes. Para ampliar a voz da vítima e ajudar todas as pessoas que precisam usar o transporte público diariamente a se sentirem seguras e amparadas, foi criado a N!na. A tecnologia rastreia casos de assédio na mobilidade urbana e atua de forma emergencial e preventiva.

A solução pode ser integrada a qualquer aplicativo de mobilidade, por meio do Software Development Kit (SDK), e atua de duas formas: como um botão de emergência, que alerta usuários próximos a uma situação de assédio e também na prevenção e mapeamento de ocorrências, linhas e áreas de risco para a mobilidade na cidade.

A empreendedora Simony César ressalta que a N!ina gera impacto social que vai além da segurança para a mulher. “Nós incluímos também outros gêneros e atuamos como um canal de comunicação para que todos possam ser assistidos. Recebemos muitas denúncias e pedido de orientação sobre como proceder. Entendemos que outro lado (vítima) só deseja alguém para estender a mão e poder ajudar e conseguimos dar esse suporte incentivando a não ficar calado”, afirma.

O sistema surgiu como uma resposta a experiências negativas vividas com o transporte público. A mãe foi cobradora e o primeiro estágio foi numa empresa de ônibus, onde tinha acesso às denúncias, mas nada podia fazer. Contudo, foi o caso de estupro de uma aluna dentro do campus da Universidade e que pegava a mesma linha de ônibus de Simony que deu o start sobre a necessidade de criar mecanismos de proteção e prevenção na mobilidade.

Com a premiação na chamada Territórios de Futuro, o objetivo é implementar até o fim do ano a tecnologia em Fortaleza e Natal e desenvolver uma atuação também indoor, como universidades, servindo não apenas à mobilidade urbana e transporte público, mas na mobilidade ativa.

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O que uma fralda descartável tem a ver com agricultura?

Uma criança de até 3 anos de idade usa em torno de 4 mil fraldas descartáveis. O que fazer com todo esse resíduo gerado? As jovens universitárias Larissa Franco, Mayara Freitas e Ailla Nascimento criaram uma tecnologia inovadora que utiliza fraldas descartáveis reutilizadas, contendo urina, para aplicação no solo como forma de reduzir a irrigação e frequência e fornecer nutrientes para as plantas.

A HGeo surgiu para ajudar agricultores de regiões semi-áridas a reter água nos solos secos e rasos do Nordeste e também reduzir o grande volume de fraldas lançadas em aterros sanitários. “A gente pega a fralda descartável utilizada pelas crianças e reaproveita o algodão com hidrogel que retém a água. Perto da raiz faz com que a água acumule na planta e assim, ela se desenvolve com menos quantidade de irrigação. Como o material ainda contém a amônia da urina, isso agrega ainda mais nutrientes para a planta”, explica a empreendedora Mayara Freitas.

Para Ailla Nascimento, a tecnologia social também traz impactos na geração de resíduos sólidos mitigando problemas ambientais. “2% dos aterros sanitários são compostos por fraldas que levam em torno de 100 anos para se decompor. Quando a gente tira isso e dá um novo uso na agricultura, conseguimos diminuir os impactos ambientais e ainda melhorar a qualidade de vida do agricultor, aumentando sua produção e provendo maior geração de renda para ele e a família”, revela.

O projeto da HGeo despertou a atenção dos investidores e ganhou menção honrosa na chamada Territórios de Futuro. Como premiação, as jovens vão receber acompanhamento das equipe Pipe.Social e In3citi para potencializar o negócio.

Quem são esses negócios de impacto para o Ceará?

Ao todo foram mapeados 66 negócios no ecossistema de inovação com projetos capazes de promover transformações necessárias ao desenvolvimento da região e solução para dores de caráter social e ambiental, sendo financeiramente sustentáveis e que contribuam para transformar a realidade da população menos favorecida.

As áreas de impacto com maior concentração de iniciativas foram Tecnologias Verdes, Cidades e Cidadania, com 56%, 49% e 32% respectivamente. A análise da chamada também registrou projetos em Educação (26%), Saúde (17%) e Finanças Sociais (9%).

A região Sudeste predominou a maior parte das inovações com 41%, sendo acompanhada pelo Nordeste com 33% dos negócios de impacto mapeados. São empresas jovens, com menos de 5 anos e até 19 funcionários. Os homens são a maioria no comando das soluções (52%), enquanto que as mulheres lideram 22% dos negócios, abaixo dos 26% das iniciativas de sociedade mista.

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Por ser muito embrionário 42% ainda não estão faturando, mas há exceções. O mapeamento da In3citi registrou 24% das iniciativas com faturamento de até R$ 100 mil reais  e 14% entre R$ 101 mil e R$ 500 mil reais. Além disso, 2% declaram já terem alcançado entre R$ 1 milhão a R$ 2 milhões no faturamento. As iniciativas se diversificam quanto ao seu modelo de negócio, sendo 53% B2B, 52% B2C e 36% B2B2C.

Negócios ainda na fase piloto e protótipo somaram 20% das startups inscritas na Territórios de Futuro. Em seguida MVP com 17%.  Apenas 7% já estão escalando em ou fase de pré-escala dos seus negócios. Entre as tecnologias utilizadas para amparar as soluções de impacto estão: Big Data (26%), Internet das Coisas (26%), Energias Renováveis (20%), Sensores (17%) e Inteligência Artifical (15%).

“A chamada da In3citi mobilizou negócios early stage em diversos setores, espelhando o diverso e, cada vez mais crescente, pipeline do setor no país. A representatividade de mulheres à frente desses negócios e o uso de tecnologias emergentes são cenários positivos que queremos ver crescer ainda mais com o impulso de iniciativas como essa chamada”, analisa Lívia Hollerbach, cofundadora da Pipe.Social.

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Seguindo o plano de ação das Organizações das Nações Unidas (ONU) para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas, a Chamada territórios de Futuro avaliou as iniciativas baseado nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Cidades e consumo sustentável liderou o ranking com 53%, em segundo lugar ficou Produção e consumo sustentável (36%). Saúde de qualidade aparece em terceiro (35%), seguido de Indústria, inovação e infraestruturas (33%). Reduzir as desigualdades (29%) ficou em quinto entre as soluções apresentadas pelas iniciativas para resolver os desafios globais para o desenvolvimento sustentável do planeta.

A chamada Territórios de Futuro é uma realização da In3citi, em parceria da Pipe.Social e apoio da Agência Be Cause e Mobilicidade.